quinta-feira, 28 de maio de 2015




VISITA A NOVA YORK


            Registro aqui algumas observações, a título de memória da visita que fizemos (minha esposa e eu) a essa cidade, durante uma semana, encerrada em 25 de maio deste ano de 2015.  Na realidade, estas observações não se referem a toda a cidade mas a seu principal distrito, a ilha de Manhattan.  Além deste, a cidade de Nova York abrange quatro outros distritos, que são o Queens (onde vive boa parte da comunidade de brasileiros), o Brooklyn,  o Bronx e Staten Island.  Muitos residem aí e atravessam diariamente os rios East e Hudson para irem trabalhar em Manhattan. A cidade toda abrange uma população de aproximadamente 8,5 milhões de habitantes.

            Visitamos essa ilha de nome indígena, o coração da cidade, de ponta a ponta, e também a circundamos em passeio de  barco (Circle Line) que partiu do píer 83, no rio Hudson, junto à 12ª Avenida.  Tivemos assim ocasião de observar mais de perto a estátua da Liberdade, localizada numa pequena ilha adjacente à de Manhattan, a primeira visão que os imigrantes tiveram ao chegar, esperançosos, ao Novo Mundo.  Foi na região do extremo-sul da ilha de Manhattan que começou a sua ocupação, e é aí que se situa Wall Street, o centro financeiro do mundo,  e o One World Trade Center, construído próximo ao local das torres gêmeas destruídas pelo ataque terrorista de 11 de setembro de 2001.  As áreas precisas onde as torres se assentavam hoje são dois espaços vazios, como piscinas vazias, de cor negra (pelo luto), cujas paredes laterais vertem água permanentemente, circundados por um parapeito também negro,  em que estão gravados os nomes de todas as pessoas que aí perderam a vida. O simbolismo do projeto fica bem evidente ao observador: a sensação é de vazio e a água que verte é logo  associada ao pranto pelas vítimas...   Essa região ainda se encontra em obras pois outras torres estão sendo construídas no local. No final, haverá um conjunto de quatro torres em substituição às duas destruídas.

            Localizada proximamente, visitamos a St Paul’s Chapel, uma igreja protestante que no dia do ataque terrorista serviu de ponto de apoio à população afetada por ele.  Ali, ainda hoje se veem relíquias daquela tragédia. Em um cercado, há um banco em que George Washington rezou após tomar posse na presidência.

            Avançando no sentido norte, no Greenwich Village, perambulamos pela Washington Square, a praça central do bairro, onde a população aproveitava a folga do domingo, e as crianças se divertiam num repuxo e um laguinho como se estivessem numa piscina, o que me fez pensar nos meninos de rua que fazem o mesmo no repuxo da praça Osório aqui de Curitiba nos dias de verão (a diferença é que lá não eram meninos de rua...). Havia também muita gente deitada na relva, tomando sol, homens sem camisa e mulheres de bermuda, o que também vimos no Central Park, o grande parque da ilha, localizado mais ao norte.  Os novaiorquinos, aparentemente, têm fome de sol, haja vista a profusão de arranha-ceus na ilha de Manhattan (que dada a exiguidade do espaço, expandiu-se para cima...). Há inclusive ali, áreas residenciais nobres, de apartamentos caríssimos, em que os moradores nunca veem a luz solar, pelo fato de que os prédios fazem sombra uns aos outros...  Junto à praça Washington  situa-se a  universidade de Nova York. 

            Hospedamo-nos no Radisson Martinique, um dos hotéis antigos e tradicionais da cidade, muito bem localizado, a uma quadra do Empire State Building (nº 350 da 5ª Avenida), em cujo mirante circular do 86º andar pudemos observar toda a ilha em 360 graus  (pena que nossa visão foi um pouco prejudicada na manhã daquele dia nublado da visita). Esse hotel situa-se a algumas quadras do Times Square (junção da Broadway com a 7ª Avenida, na altura da rua 42), que impressiona pela número de pessoas ali presentes, a profusão de luzes etc.  Logo adiante localizam-se os famosos teatros da Broadway.  O hotel fica na 49 West 32nd Street. É assim que eles indicam o endereço, ou seja, o hotel fica no nº 49 da rua 32ª Oeste, quer dizer a oeste da 5ª Avenida,  uma vez que esta serve de referência a todas as ruas que são numeradas e trazem uma das duas indicações, Oeste ou Leste.  A ilha beneficiou-se no passado de um bom planejamento urbano  pois, além de contar hoje com muitas áreas verdes,  apresenta uma malha urbana racional, estruturada em cima de longas avenidas que se estendem de norte a sul, numeradas de 1ª a 12ª. Essas avenidas são cortadas de oeste a leste por ruas  identificadas por números. Isso não significa que todas as ruas ou avenidas sejam numeradas.  Na região meridional, de ocupação mais antiga, as ruas são identificadas por nomes próprios, mas a partir do East Village elas são numeradas, variando da rua 1ª. até a 145ª, no  extremo norte, na região do Harlem, o bairro dos afro-descendentes.  Desse modo, na maior parte das vezes é fácil identificar em que ponto da cidade nos encontramos apenas pela menção ao número da rua, o que serve também de referência às estações do metrô ou paradas de ônibus. Nas proximidades do nosso hotel, visitamos o famoso Madison Square Garden, onde se apresentam grandes artistas e ocorrem partidas de futebol americano e lutas de boxe. Ali próximo está o Macy’s,  loja de departamentos com dez andares, um dos mais conhecidos templos de consumo da urbe.  Consumo porém não tão sofisticado quanto o das lojas de grifes famosas da 5ª  Avenida...

            Algumas quadras abaixo do hotel Radisson Martinique, na junção da 5ª Avenida com a Broadway, situa-se o edifício Flatiron, que pela sua conformação peculiar ganhou esse nome (“ferro de passar roupa”).  Mais adiante, no nº 828 da Broadway, visitei uma grande livraria (de livros novos e usados), a Strand Bookstore, onde comprei livros de ensaios sobre a “Divina Comédia” e sobre o “The Waste Land” de T.S.Eliot.

            Na rua 42 há uma atração de visita obrigatória que é a Grand Central Terminal, a antiga estação central de trens. E junto a ela um diversificado mercado de produtos alimentares. Seguindo sempre em frente, na rua 42, o visitante vai encontrar o prédio da ONU, que todavia terá que contornar para poder adentrar o edifício. Antes de chegar a esse prédio, ainda na rua 42, ele passará por uma área de prédios residenciais mais antigos e interessantes , em “estilo gótico Tudor” segundo meu Guia de Nova York (“Tudor City”).  

Na entrada da ONU

No Central Park

            A maior área verde da ilha é, naturalmente,  o Central Park, cuja criação no século XIX revela a capacidade de visão dos governantes da época. Assim, ela se destaca numa ilha abarrotada de arranha-céus. É onde as pessoas praticam exercícios, andam de bicicleta, passeiam em charretes ou triciclos ou simplesmente tomam banho de sol.  Nesse parque, como em outros locais de área verde da ilha, o visitante é, às vezes, surpreendido por esquilos, pelos quais as pessoas, com razão, se enternecem...  Do lado oeste do Central Park, dentre os vários edifícios de construção peculiar, não muito alta, que o ladeiam, situa-se o Dakota, onde “O bebê de Rosemary” de Polanski foi filmado e onde, em sua entrada, anos depois, em 1980, John Lennon foi assassinado. Sua viúva, Yoko Ono, ainda mora nesse prédio residencial. Foi ela que custeou o Strawberry  Fields, um jardim para homenageá-lo, dentro do parque, que tem a forma de uma lágrima, na região mais próxima do Dakota.  Ali há também um mosaico em forma de círculo, no centro do qual está escrita apenas uma palavra-- “Imagine”, nome da sua canção inolvidável e tão significativa.  Do mesmo lado oeste, situa-se o importante Museu Americano de História Natural. Há poucos metros de distância dele, perguntei onde ficava esse Museu a um vendedor de comida de rua ali estabelecido,  e ele não soube me informar... 

No Central Park

Edifício Dakota
             

             Do lado leste, o parque é ladeado pela 5ª  Avenida.  Há ali três museus, que visitamos, o Frick Collection, o famoso Met- Metropolitan Museum of Art e o museu Guggenheim.  O primeiro é pequeno mas muito interessante não só pelas pinturas que contêm mas por estar instalado na residência de um antigo milionário, magnata do aço,  de modo que se pode observar também como era uma mansão da época, seu  mobiliário e peças decorativas, a lareira, a biblioteca etc.  O Met tem um dos maiores acervos do mundo. É muito  grande.  Como nosso tempo era exíguo,  optamos pela seção dos pintores europeus. Mas lamentei não ter podido visitar o rico acervo da seção egípcia. Quanto ao Guggenheim, só o prédio já é uma obra de arte (como o nosso MON), de autoria do grande arquiteto norte- americano Frank Lloyd Wright.    

No Metropolitan Museum of Art
            Finalmente, no extremo norte da ilha, tivemos a oportunidade de assistir parte de uma missão gospel no Harlem, contagiando-nos com seu ritmo frenético e envolvente, de muitos decibeis, que fazia os fieis bater palmas para acompanhar o ritmo, e balançar os corpos. Antes disso, visitamos a catedral de St. John the Divine, um igreja ecumênica, cuja fachada nos impressionou pelas diversas esculturas e, acima do portal de entrada, pelas quatro figuras aladas em alto relevo: um anjo, um leão, uma águia e um touro, das quais não há consenso quanto à sua interpretação. Uma delas é a de que se referem aos quatro evangelistas. Também visitamos nessa região o monumento ao general Grant, próximo ao Riverside Park, às margens do rio Hudson, o teatro Apollo, onde na calçada se acham inscritos os nomes de diversos cantores norte-americanos e a Mansão Morris-Jumel, a casa mais antiga da cidade, de 1765, anterior portanto à independência americana (1776).  Nos jardins dessa casa, havia um relógio de sol. E fomos ali novamente surpreendidos pela visão enternecedora dos esquilos...      

            Concluo este texto com algumas observações pontuais:

--fazendo um city-tour pela ilha, vimos um grande rato de plástico, ou material similar, na calçada, em frente a uma certa empresa. Segundo o nosso guia, isso significa que o sindicato dos trabalhadores daquela empresa está no momento discutindo suas reivindicações com os seus patrões, que se negam a atendê-las. Por isso, a empresa  está cheirando mal, o que atrai ratos...


--caminhando pelas ruas,  vimos gente pedindo esmola, mas isso não ocorre com tanta frequência como ocorre nas cidades brasileiras; também não há guardadores de carro, meninos em semáforos etc 

--verificamos uma presença muito grande de negros na população, além de asiáticos, hispânicos etc (nas ruas, metrôs e ônibus); a impressão que se tem é que a população da ilha é multiétnica, e que o norte-americano típico (louro, de olhos azuis) é ali minoria

-todo o pessoal de apoio (porteiros, guardas e empregados de museus, de lojas,  motoristas de metrô e ônibus, etc) é, em geral, afro-descendente  

-comer na rua, em praças públicas etc é um hábito generalizado. E a comida de rua não é ruim... 

-para termos uma ideia da capital dos EUA, reservamos um dia dessa nossa semana no país para conhecer Washington-DC, que dista aproximadamente 400 km de Nova York.  Chegamos lá por volta das 11 horas e pudemos observar algumas atrações obrigatórias da cidade. A primeira delas foi a Casa Branca, onde os guardas ordenaram rispidamente que nos afastássemos da rua em frente a ela, talvez porque fosse sair de lá o próprio presidente. Quando uma colega da excursão reclamou desses procedimentos de segurança, comparando Obama com o papa Francisco, disse-lhe que o Vaticano certamente fazia menos inimigos pelo mundo do que os EUA... Outras atrações visitadas:  o Lincoln Memorial (com a bela e imponente estátua dele sentado), o obelisco de Washington, o Capitólio, o prédio da Suprema Corte,  os monumentos em homenagem aos soldados que lutaram nas guerras da Coreia e Vietnã, o Pentágono e o Museu Aéreo-Espacial.    

No Lincoln Memorial, em Washington